D. Maria I - “A Piedosa"

1777 - 1816
D. Maria I - “A Piedosa" 
17 de Dezembro de 1734 (Lisboa) – 20 de Março de 1816 (Rio de Janeiro)
Casou com D. Pedro III
 
Logo que subiu ao trono, a primeira Rainha Portuguesa titular, procurou emendar erros que vinham do reinado anterior, dando liberdade a muitos presos, grande parte jesuítas, injustamente encarcerados (como o bispo de Coimbra, D. Miguel da Anunciação, encarcerado durante mais de oito anos e que D. José ainda mandou soltar na véspera da sua morte). Foi o que se chamou “Viradeira”.
No seu reinado foi fundada a prestigiosa Academia Real de Ciências de Lisboa, que congregava os maiores intelectuais portugueses e a Academia Real da Marinha, entidade destinada a promover a preparação e a dar apoio aos que pretendiam seguir a carreira naval. Instituiu-se também a Casa Pia, para dar abrigo e promover a educação das crianças desvalidas ou abandonadas, ao tempo muito numerosas. Instituiu-se a Biblioteca Pública de Lisboa, organismo que se transformou com o tempo e a evolução da sociedade no que hoje designamos por Biblioteca Nacional.
Um grupo de capitalistas, com apoio oficial, lançou-se na construção do Teatro de S. Carlos, em Lisboa, e outros tomaram a iniciativa de edificar o Teatro de S. João, no Porto. Tiveram estes nomes para homenagear os futuros monarcas, D. Carlota Joaquina e D. João VI.
D. Maria I viveu num tempo calamitoso, de grandes transformações, profundas e inesperadas. Acompanhou o desenrolar da Revolução Francesa e as modificações que dela resultaram. Também sofreu desgostos familiares, a morte do marido e logo a seguir a do filho primogénito. Sendo muito impressionável, talvez isso a tenha influenciado, tendo perdido o uso da razão.
Por tal motivo, o governo de Portugal passou a ser desempenhado pelo filho sucessor, com a designação de “Príncipe-Regente”.
A História chama-lhe “A Piedosa” por ter sido realmente muito devota (talvez até mais do que o conveniente, não sendo dela toda a culpa, integrava-se na mentalidade da época). Deu prova de religiosidade fazendo construir a Basílica da Estrela, dedicada ao Coração de Jesus, devoção no tempo em expansão.
A última fase do seu reinado acumulou acontecimentos bélicos e políticos muito lastimáveis.
No período em que estava bastante doente, ocorreu na região de Minas Gerais, no Brasil, o movimento conhecido na História por “Inconfidência Mineira”, que tinha em vista a proclamação da independência do país ou pelo menos a da região aurífera. Como consequência disso, um dos implicados, José Joaquim da Silva Xavier, por alcunha o “Tiradentes”, foi executado e os demais condenados a pena de degredo nas possessões africanas, Angola e Moçambique.
Enfrentou-se a “Campanha do Roussilhão”, logo seguida pela “Guerra das Laranjas” e pouco depois pela “Guerra Peninsular”, que costumamos designar por Invasões Francesas.
A Corte decidiu deslocar-se para o Brasil, fixando-se no Rio de Janeiro (e isso prende-se de perto com a futura e bastante próxima proclamação da independência brasileira).
A primeira invasão francesa foi comandada por Junot, ocupou Lisboa em Novembro de 1807, e ficou a governar Portugal em nome de Napoleão Bonaparte, imperador dos franceses.
A segunda invasão atingiu o Porto em 29 de Março de 1809, e ocorreu então o grande “desastre da ponte das barcas” (a passagem do Douro fazia-se por um passadiço de madeira sobre barcaças, que quebrou, e a multidão, empurrando-se para fugir aos franceses, atirou ao rio milhares de pessoas).
 A terceira invasão entrou pela Guarda, dirigindo-se a Lisboa por Coimbra, travou-se a “Batalha do Buçaco” em fins de Setembro de 1810, derrotando os franceses, que prosseguiram até Torres Vedras, mas não atingiram a capital.
Como a Corte estava no Brasil, o governo de Portugal foi confiado a um Conselho de Regência (em que os oficiais ingleses tinham a supremacia, e isso causou enorme descontentamento, que se traduziu em diversas atitudes e provocou várias reacções, em regra contrárias à influência exercida pelos militares britânicos).
D. Maria I governou o País desde 1777 a 1792.
De 1792 a 1816, data da sua morte, ocorrida no Rio de Janeiro, governou seu filho D. João.