D. Luís - “O Popular"

1861 - 1889
D. Luís - “O Popular" 
31 de Outubro de 1838 (Lisboa – 19 de Outubro de 1889 (Lisboa)
Casou com D. Maria Pia de Sabóia
 
Este rei acedeu ao trono devido ao facto de seu irmão D. Pedro V ter falecido sem deixar descendência (ao princípio encontrou um ambiente desfavorável, por motivo da estupefacção causada pelo falecimento próximo dos seus três irmãos, mas depois veio a conquistar as simpatias da população, que reconheceu as suas grandes qualidades).
Era mais intelectual do que político. Fez primorosa tradução e rica edição de boa parte da obra de Shakespeare (manifestava assim os frutos da esmerada educação que recebera, mais erudita do que política, pois não se podia prever que alguma vez viesse a reinar; no seu tempo, esteve em projecto a organização de um agrupamento político, que se pensava denominar “Vida Nova”, formado por intelectuais célebres, mas não chegou a constituir-se. Como o projecto se frustrou, reconhecendo-se o fracasso da iniciativa, o grupo passou a ser conhecido por “Vencidos da Vida”, nome que eles próprios lhe atribuíram; praticamente pertenciam todos à “Geração de 70”.
D. Luís viveu um período de certo brilho literário – Júlio Dinis, João de Deus, Camilo e Eça – e artístico – Soares dos Reis, Teixeira Lopes, Malhoa, Columbano (pintura), Estação do Rossio e Palácio do Buçaco (arquitectura).
Os antigos partidos políticos foram remodelados; apareceram até dois agrupamentos inclinados à dissidência: o Partido Socialista e o Partido Republicano. Quanto aos outros, de ideologia monárquica, entrou-se na fase conhecida por rotativismo, sucedendo-se, alternadamente no governo, o Partido Histórico e o Partido Regenerador.
Durante o reinado de D. Luís, foi publicado o primeiro Código Civil Português. Dilatou-se a rede ferroviária nacional. Aboliu-se definitivamente a pena de morte e a escravatura.
Foi, no entanto, na África que mais se fez sentir a vitalidade nacional. Efectuou-se a notável Conferência de Berlim, considerada o marco da verdadeira História da África, no seu sentido moderno e actual.
Promoveram-se muitas e frutuosas expedições científicas (Serpa Pinto, Brito Capelo, Roberto Ivens, Henrique de Carvalho), fundaram-se cidades novas, consolidou-se o domínio português.
Fizeram-se tratados em que foram estabelecidas novas fronteiras africanas (tornando-se famoso o “mapa-cor-de-rosa”, que previa a união territorial de Angola com Moçambique; contudo, o grande interesse manifestado colidiu com as ambições estrangeiras, nomeadamente da Grã-Bretanha, e Portugal sofreu a enorme afronta de ter de aceitar o “ultimato inglês”.
Recebeu o cognome de “Popular” pela simplicidade com que se apresentava, havendo quem lhe desse o epíteto de “Bom”, porque realmente o era.