O império português no século XVI

01-10-2011 22:44

O Império português no século XVI

No fim do século XVI, Portugal tinha um império de grande extensão. Possuía territórios na África, Ásia e na América mais as ilhas atlânticas.

 

Os arquipélagos da Madeira e dos Açores

Os arquipélagos da Madeira e dos Açores foram bastante importantes porque as embarcações que se dirigiam para África e para a Índia iam-se abastecer de alimentos frescos nestas ilhas.

Na Madeira predominavam as árvores, por isso o seu nome.

Nos Açores, encontraram muitas aves de nome açores e outras.

 

Relevo

O relevo das ilhas atlânticas é muito montanhoso e de origem vulcânica. É na ilha do Pico que se encontra o pico mais alto de Portugal, com 2351 metros de altitude.

Os cursos de água existentes são pouco extensos por isso têm o nome de ribeiras. Nos Açores são famosas algumas lagoas formadas nas crateras de vulcões extintos.

 

Clima e vegetação

A Madeira, situada mais a sul e próximo de África, tem um verão quente e seco e um inverno ameno, com precipitações mais elevadas na montanha e vertente norte.

Estava coberta de densas matas onde predominavam os dragoeiros, loureiros, urzes, giestas, zimbro e jasmim.

 

Por seu lado, nos Açores não se notam grandes diferenças de temperatura nas diferentes estações do ano. É frequente o nevoeiro e as chuvas são abundantes, sobretudo nos meses de Outubro a Janeiro.

Nas matas predominavam os cedros, loureiros, faias, urzes, giestas e fetos gigantes.

 

Colonização

Quando os portugueses descobriram a Madeira e os Açores encontravam-se desabitadas. O clima ameno e as terras férteis levaram o infante D.Henrique a realizar de imediato a sua colonização, ou seja, o povoamento e aproveitamento dos seus recursos naturais.

As ilhas foram divididas em capitanias, cada uma com um capitão que tinha como função povoá-las e cultivar as suas terras. As pessoas que saíram do continente para as ilhas chamavam-se colonos.

 

Principais atividades e produtos

Os colonos dedicaram-se sobretudo à agricultura e à criação de gado. Na Madeira introduziram-se as culturas da vinha, cana de açúcar, árvores de fruto e cereais. Nos Açores o trigo, a criação de gado e as plantas tintureiras foram as principais riquezas.

 

 

Territórios na África

A vida dos povos africanos

Os portugueses avistaram povos de raça negra abaixo do deserto do Sara. Estes povos viviam do aproveitamento dos recursos naturais existentes: caçavam, criavam animais, pescavam, recolhiam frutos, cultivavam o inhame (batata-doce) e faziam o aproveitamento de alguns minerais como o ouro e o cobre que trocavam por outros produtos.

Os povos africanos estavam organizados em reinos que se guerreavam entre si. Normalmente os vencidos eram feitos escravos.

Na maioria dos reinos praticava-se a poligamia, ou seja, um homem podia ter várias mulheres. Andavam todos nus da cintura para cima e vivam em palhotas.

 

Contatos entre portugueses e africanos

Os portugueses faziam comércio com os africanos. Ofereciam sal, trigo, objetos de cobre e latão e tecidos coloridos de pouco valor. Em troca recebiam ouro, escravos, marfim e malagueta. Nos locais com bons portos naturais e onde o comércio era mais intenso os portugueses estabeleceram feitorias.

Além dos contatos comerciais, os portugueses realizaram expedições, da costa africana para o interior, para dominar alguns reis, desenvolver relações de paz e amizade e também para cristianizar os povos africanos. Os missionários fundaram escolas, foram-se construindo igrejas, fortalezas e criaram-se alguns povoados comerciais onde viviam africanos e colonos portugueses.

 

 

 Territórios da Ásia

 A vida dos povos asiáticos

Na Ásia os portugueses conquistaram  Goa, Malaca e Ormuz, na Índia, e no Extremo Oriente chegaram às Molucas, ao litoral da China, a Cantão, Timor, Japão e a Macau.

Em todos estes locais os portugueses encontraram povos de cor de pele, costumes, religião e formas de vida diferentes. Os chineses e os japoneses foram os que causaram maior admiração.

 

Contatos entre portugueses e asiáticos

Os portugueses comercializavam com os asiáticos. Goa, Malaca e Macau eram as principais feitorias. Os portugueses levavam para o Oriente vermelhão, cobre, prata e ouro (por amoedar) e em troca recebiam especiarias, pedras preciosas, porcelanas, perfumes, sedas e madeiras.

Goa era a capital portuguesa na Índia e lá viviam aí muitos portugueses. No entanto, milhares de colonos portugueses instalaram-se por todo o Oriente, sendo frequente os casamentos com mulheres indianas.

Também se construíram igrejas, escolas e seminários nas terras asiáticas.

 

 

Territórios da América

A vida dos índios brasileiros

O Brasil era um território com imensas florestas, aves e frutos de grande beleza. Os índios viviam de uma maneira bastante simples em estreita relação com a natureza. Dedicavam-se à caça, à pesca e ao cultivo da mandioca. Eram pacíficos e acolhedores e receberam os portugueses com simpatia.

 

Colonização

Inicialmente os portugueses deslocavam-se ao Brasil apenas para trazer o pau-brasil e aves exóticas. Em 1530, iniciou-se a colonização. O rei dividiu as terras em capitanias, tal como nos arquipélagos da Madeira e dos Açores. Os colonos portugueses começaram a cultivar a cana-de-açúcar e a bananeira.

Os índios não eram fáceis de escravizar por isso os portugueses levaram para o Brasil muitos escravos africanos.

 

O império português no século XVI

 

A colonização da Madeira

 

"Esta ilha mandou-a o Infante D. Henrique povoar pelos Portugueses sem que até então tivesse sido habitada. Chama-se ilha da Madeira porque, quando foi descoberta, não tinha palmo de terra que não estivesse coberto de grandíssimas árvores, sendo necessário aos primeiros que a quiseram habitar pôr-lhe fogo.

Tem terrenos muito frutíferos e abundantes (...) belíssimas fontes (...). O ar é quente e temperado, de tal modo que jamais faz frio."

Cadamosto (navegador italiano do séc.XV), Primeira Navegação (adaptado)

 

O Infante D. Henrique iniciou a colonização da Madeira e Porto Santo dividindo-as em capitanias. Aos capitães-donatários competia defender, povoar e explorar os recursos naturais das ilhas.

Os colonos, vindos sobretudo do Algarve e Minho, mas também do estrangeiro, dedicaram-se à agricultura, pesca e criação de gado. Os produtos mais importantes foram o vinho, o açúcar, os cereais, as plantas tintureiras e a madeira (importante para a reparação dos navios que aí faziam escala).

 

A colonização dos Açores

 

"O Infante D. Henrique mandou para ocidente buscar terra firme. E, a 270 léguas de Lisboa, acharam uma ilha, que agora se chama de Santa Maria, despovoada, com muitos açores, e viram outra e foram a ela, que agora se chama S. Miguel, também despovoada e cheia de açores. Daí viram outra ilha, agora chamada Terceira, e outras, todas com muitos açores.

Lançaram ali muitos animais, tais como porcos, vacas, ovelhas, dos quais há aí uma multidão, de modo que todos os anos de aí trazem muito gado para Portugal.

Igualmente há aí tanta quantidade de trigo que todos os anos ali vão navios e trazem trigo para Portugal."

Diogo Gomes, Relação dos Descobrimentos (séc. XV)

 

Também nos Açores se utilizou o sistema de capitanias para a colonização. O seu povoamento foi porém mais lento devido à grande distância a que se encontravam do continente.

As principais actividades dos colonos nas ilhas dos Açores eram a agricultura e a criação de gado; as principais riquezas deste arquipélago, nesta época, eram os cereais, o gado bovino e ovino e as plantas tintureiras (pastel, urzela e dragoeiro).

 

 

O IMPÉRIO PORTUGUÊS NO SÉCULO XVI

 

Capitania

- Divisões do território em parcelas que são entregues a capitães donatários que ficam responsáveis pelo seu povoamento e exploração económica.

Colonização -

Povoamento de uma região por pessoas (colonos) que a vão desenvolver com actividades económicas (agricultura, criação de gado, ...)

Escravos -

Pessoas que eram aprisionadas, geralmente depois de serem vencidas em guerra. Eram vendidos, por comerciantes de escravos, a quem precisava de trabalhadores. Não tinham liberdade: estavam sujeitos ao seu dono.

Especiarias -

Produtos raros. Substâncias aromáticas para temperar os alimentos (exemplo: gengibre, noz moscada, pimenta, etc.)

Feitoria -

Local fortificado onde se realizava o comércio com as populações.

Vice-Reis –

Governadores que governavam as terras do Oriente em nome do rei.

 

O DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS
 
As ciências conheceram grandes progressos devido aos Descobrimentos.
A matemática desenvolveu-se muito, graças aos rigorosos cálculos matemáticos necessários às viagens marítimas. Pedro Nunes foi um dos grandes nomes desta ciência no século XVI. 
 
 
A geografia foi a ciência que mais evoluiu com os Descobrimentos portugueses. Unimos oceanos que ninguém sabia estarem ligados, batizámos e pusemos no mapa imensas terras desconhecidas.


Este mapa-múndi, desenhado em 1482, baseia-se nas indicações do geógrafo
Ptolomeu no século II. Esta visão do mundo atravessou toda a Idade Média e só
desapareceu com os Descobrimentos portugueses.

 

No caso da botânica, com os portugueses a trazer de outros continentes plantas desconhecidas na Europa, esta ciência evoluiu bastante. Destaque para o nome de Garcia de Orta, autor de várias obras sobre as plantas asiáticas e suas propriedades. O trabalho de Garcia de Orta, o 1º europeu a descrever as doenças orientais, foi muito útil para a medicina, já que os medicamentos se faziam a partir de plantas e outros produtos naturais.
 
 A zoologia também deve aos Descobrimentos portugueses, já que muitos foram os animais, de diversos continentes, que os portugueses deram a conhecer.
 
 
Albrecht Dürer, 1515

 

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