A descoberta da costa africana

01-10-2011 22:39

Passado o Bojador, começou a exploração do litoral africano.

À medida que avançaram pela costa, os portugueses construíram postos militares e de comércio, as feitorias. Era ali que se comerciavam e armazenavam os produtos africanos: ouro, escravos, marfim, malagueta, até os barcos os transportarem para Portugal.

 

As três fases das descobertas africanas

 

Em 1460, ano da morte do infante D. Henrique, as caravelas portuguesas tinham atingido a Serra Leoa.
 
Nesta altura era rei D. Afonso V, o Africano, que recebeu este cognome por ser defensor da política de conquistas em África. O comércio e as descobertas ficaram então abandonados, a situação económica do país agravou-se com os custos da guerra em África.
 
D. Afonso V arrenda o comércio africano a Fernão Gomes, na condição de este rico burguês continuar com as navegações de exploração. Durante cinco anos é graças a este contrato que os Descobrimentos vão avançar, chegando às principais zonas de comércio do ouro africano.
 
Vendo a enorme importância das Descobertas e do comércio que lhe estava associado, o príncipe D. João (futuro rei D. João II) vai assumir a organização dos Descobrimentos. Com ele começa a terceira fase da descoberta da costa africana. 
 
 
Nas fases do infante D. Henrique e de Fernão Gomes, a descoberta da costa africana e controlar o comércio do ouro eram os objectivos a atingir.
 D. João II foi mais ambicioso e quis ver o “fim” da costa africana, pois se fosse possível contornar África, passando do Atlântico ao Índico, estava aberto o caminho marítimo para os mercados do Oriente.
Esta possibilidade veio a confirmar-se em 1488, quando Bartolomeu Dias dobrou o cabo da Boa Esperança.
 

 

 

A descoberta da costa africana: até à Serra Leoa (1460)

 

D. João I confiou ao Infante D. Henrique, seu filho, a coordenação da expansão marítima.

Foram contratados navegadores e cartógrafos experientes e o Infante passou a viver em Lagos e Sagres. Do Algarve partiam os barcos que descobriram os arquipélagos da Madeira e dos Açores, e a costa africana a sul do Cabo Bojador, para além do qual nunca se tinha navegado.

No contacto com as populações da costa africana, os portugueses escravizaram homens, mulheres e crianças, obtendo grandes lucros com o comércio de escravos.

Quando o infante D. Henrique morre, em 1460, já os Portugueses conheciam a costa africana até Serra Leoa.

 

ano terra descoberta descobridor
1419 Madeira e Porto Santo João Gonçalves Zarco, Tristão Vaz Teixeira
1427 Açores Diogo de Silves
1434 Cabo Bojador Gil Eanes
1436 Pedra da Galé e Rio do Ouro Afonso Baldaia
1443 Arguim Nuno Tristão
1456 Cabo Verde Diogo Gomes e Cadamosto
1460 Serra Leoa Pedro de Cintra

 

O APROVEITAMENTO ECONÓMICO DA COSTA OCIDENTAL AFRICANA

Os Portugueses colonizaram as ilhas dos arquipélagos de Cabo Verde e de S: Tomé e Príncipe.

            O continente africano apresentava-se :          

  • Povoado
  • Existência: ouro, escravos, marfim, malagueta (estes produtos eram geralmente trazidos por Árabes e indígenas junto à costa para se proceder a uma troca directa).

Os Portugueses ofereciam: sal, trigo, bugigangas, tapetes, mantas, panos garridos, manilhas de latão.

            Para facilitar o comércio foram criadas feitorias, onde o comércio era mais intenso. Assim as feitorias eram locais de comércio onde se construíram armazéns para:

Facilitar a troca de produtos

  • Guardar as mercadorias.

Ex.: Na costa ocidental: feitoria de Arguim, Mina protegidas por muralhas e castelos.

 Na costa oriental africana temos: Sofala e Moçambique.

            Com os colonos e os mercadores partiram também os missionários, para pregar a religião cristã.

 

Um navio revolucionário: a caravela

 

 

 

Caravela - puzzle

 

 

As viagens ao longo da costa africana realizaram-se primeiro em barcas, depois em caravelas.

As caravelas eram navios ligeiros, rápidos, capazes de navegar em todas as águas e com todos os ventos. De casco muito leve, com um castelo na popa, tinham em geral três mastros. As suas velas triangulares permitiam-lhes bolinar, ou seja, navegar com ventos contrários. A vela triangular tomou o nome de vela latina.

Em caso de necessidade a tripulação - em geral quarenta a cinquenta homens - podia utilizar remos. Para se orientarem nos mares do Sul, os navegadores desta época dispunham apenas da bússola, de algumas cartas de marear que os antecessores tivessem elaborado e de sondas para avaliarem a profundidade das águas. Além disso, só a própria experiência, a passo e passo adquirida, e a intuição lhes serviam de guia no mar desconhecido.

in L. Albuquerque, A. M. Magalhães, I. Alçada,

Os Descobrimentos Portugueses, vol. I, ed. Caminho