A crise do séc. XIV

01-10-2011 22:29

 

 

 

O Século XIV em Portugal

1315/19 – Fome (devido à destruição de semen­teiras por chuvas abundantes)

1333 – Fome (seca)

1348 – Peste Negra

1355/56 – Crise de cereais (seca)

1361 – Epidemias

1364/66 – Peste e crise de cereais (falta de mão­-de-obra)

1371/72 – Crise de cereais (guerra e inunda­ções)

1384 – Surto de peste (um dos maiores de sempre no país)

1384/87 – Crise de cereais (guerra com Castela)

1391/92 – Crise de cereais (falta de mão-de-obra)

1394 – Fome (falta de mão-de-obra)

 

A peste negra

A peste negra foi a mais letal, mais terrível e mais arrasadora epidemia que já se abateu sobre a humanidade. Entendê-la no contexto astrológico permite traçar paralelos com as pandemias de nosso tempo, como a SARS, a gripe aviária e a gripe suína.

Peste Negra do século XIV

Afirmo, portanto, que tínhamos atingido já o ano bem farto da Encarnação do Filho de Deus de 1348, quando, na mui excelsa cidade de Florença, cuja beleza supera a de qualquer outra da Itália, sobreveio a mortífera pestilência. Por iniciativa dos corpos superiores ou em razão de nossas iniqüidades, a peste atirada sobre os homens por justa cólera divina e para nossa exemplificação, tivera início nas regiões orientais, há alguns anos. Tal praga ceifara, naquelas plagas, uma enorme quantidade de pessoas vivas. Incansável, fora de um lugar para outro; e estendera-se, de forma miserável, para o Ocidente.

(Giovanni Boccaccio, século XIV)

 

Mapa da Peste Negra

Mapa da difusão da peste negra (fonte: answers.com). As cores indicam a época da chegada da peste em cada região. Marselha (França) e a região da atual Turquia foram alcançadas ainda em 1348; as áreas em vermelho, da França, Espanha, Itália e Grécia, em 1349; daí a peste se espalhou para o norte, até perder força em 1351. A região menos afetada foi a da atual Polônia e leste da Alemanha.

Doentes da peste negra

 

O NEGRO SÉCULO XIV

 

   O período desenvolvimento que se seguiu ao fim da guerra contra os árabes vai até aos primeiros anos do século XIV. A partir desta altura, Portugal e a Europa vão atravessar um período terrível.

   O nosso país começa por ser atingido por vários anos de mau tempo, com cheias e secas, que vão afectar a agricultura e espalhar a fome. Para agravar a situação, vai haver falta de gente para trabalhar nos campos, porque os camponeses procuram as cidades enriquecidas pelo comércio.

   Como se não bastasse a fome, a Peste Negra chegou a Portugal em 1348. Em cinco anos, esta terrível epidemia matou um terço da população europeia, cerca de 25 milhões de pessoas.

A morte - representação medieval

 

 

 


 
Funcionários de um projeto ferroviário no centro de Londres encontraram 13 corpos de pessoas que teriam sido vítimas da Peste Negra no século 14.
 
A descoberta dos esqueletos em uma vala comum foi feita pelo projeto bilionário Crossrail durante a escavação de um túnel sob a Praça Charterhouse.
 
Segundo informações do site do jornal britânico "Daily Mail", as ossadas estavam a quase 2,5 metros entre as estações de trem Farringdon e Barbican, duas das áreas mais movimentadas da capital inglesa.
 
E os corpos de homens e mulheres não foram simplesmente jogados nas valas, mas colocados lado a lado em fileiras uniformes, com as mãos cruzadas sobre o tronco. 
 
O principal especialista que analisa a descoberta, Jay Carver, disse que essa é uma obra muito significativa e que ainda há muitas perguntas a responder. Primeiro, serão feitas análises científicas para identificar a causa da morte dessas pessoas, qual a idade delas na época e quem elas foram. Quando os exames forem concluídos, os esqueletos devem ser enterrados no próprio sítio arqueológico ou em um cemitério. 
 
De acordo com arqueólogos (vistos nas fotos) que agora trabalham no local, a Peste Negra – doença transmitida pela pulga de ratos – pode ter dizimado até um terço da Europa na Idade Média. A pandemia é considerada até hoje como a mais cruel e destrutiva da história humana.
 
 
Fonte: G1

 

 


 

a.     Tempos Difíceis

Ø     Durante a segunda metade do século XIV, a população portuguesa viveu tempos difíceis, porque:

·       O clima era instável, com períodos de chuva que prejudicaram a agricultura durante muitos anos, porque a falta de cereais era muita o que originou a fome e morte a muitas pessoas.

·       A falta de higiene nas cidades provocou doenças contagiosas – epidemias e peste. A peste negra chegou a Portugal em 1348 e em menos de 3 meses matou cerca de um terço da população

b.    Problemas de Sucessão

Ø     Neste período de crise económica o Rei D. Afonso IV desentendeu-se com o seu filho D. Pedro por causa da relação entre D. Pedro (seu filho) e D. Inês de Castro

Ø     A 30 de Abril de 1383, D. Beatriz, filha única de D. Fernando D. Leonor de Teles casou com o rei D. João I de Castela

Ø     Para garantir a independência de Portugal foi assinado um Tratado na Vila de Salvaterra de Magos

Ø     Contudo, e apesar do Tratado de Salvaterra de Magos, D. Fernando morre e os problemas de sucessão ao trono começam a surgir em 22 de Outubro de 1383. Tudo isto vai provocar uma revolução.

c.     A revolta popular

Ø     Aquando da morte de D. Fernando, D. Leonor pede conselhos ao seu conselheiro galego (conde João Fernandes Andeiro) que a convenceu a mandar aclamar D. Beatriz sua filha como Rainha de Portugal. Apesar da maior parte da Nobreza e Clero concordar, o povo de Lisboa não concordou, porque não gostava de D. Leonor e como tal tinham medo que Portugal fosse dominado pelo Rei Castelhano. Então o povo revoltou-se contra a aclamação de D. Beatriz como rainha de Portugal, assim como a Burguesia e alguns Nobres

 

A.    AS MOVIMENTAÇÕES POPULARES E OS GRUPOS EM CONFRONTO

a.   A Conspiração

Ø     A revolta popular contra D. Leonor e o rei de Castela aumentava de dia para dia. Foi então que foi feita uma conspiração (grupo organizado contra) em Lisboa para matar o Conde Andeiro. Quem estava à frente desta conspiração era Álvaro Pais, um velho e rico Burguês que tinha sido chanceler-mor dos Reis D. Pedro e D. Fernando.

Ø     Mas para este acto ser feito sem desconfianças, era preciso alguém que entrasse facilmente e sem levantar suspeitas no Paço Real. O escolhido foi D. João, mestre da Ordem Militar de Avis e meio irmão de D. Fernando. Assim, a 6 de Dezembro de 1383, o Mestre de Avis, entrou no Paço da Rainha e com um grupo de homens armados matou o conde Andeiro.

b.   O Regedor e Defensor do Reino

Ø     Com o assassinato do Conde Andeiro, D. Leonor a temer pela sua vida refugiou-se em Santarém e escreveu ao seu genro D. João I de Castela que fosse em seu auxilio.

Ø     Como o clima era de instabilidade e temia-se que houvesse uma invasão Castelhana o povo elegeu o Mestre de Avis como “Regedor e Defensor do Reino”, que prometeu servi-lo com a sua vida.

Ø     O dinheiro necessário para sustentar as despesas de uma guerra foi garantido pela Burguesia, que era o grupo social com mais possibilidades para o fazer.

c.    O Reino Divide-se

Ø     O entusiasmo popular espalhava-se por todo o país e as principais cidades apoiavam a acção do Mestre de Avis e dos seus companheiros de armas.

Ø     Entre a população portuguesa formavam-se então dois grupo que se confrontavam:

o      O grupo que apoiava D. Beatriz – era constituído pela maioria de senhores da nobreza e do clero que receavam perder os poderes que já tinham

o      O grupo que apoiava o Mestre de Avis – era constituído pelo povo que esperava conseguir melhores condições de vida, pela burguesia e por alguns nobres e clérigos.

 

B.     A RESISTÊNCIA À INVASÃO CASTELHANA

a.   O Inicio da Guerra

Ø     Em resposta ao pedido de D. Leonor, o rei de Castela invadiu Portugal entrando pela Guarda e dirigindo-se para Santarém, Vila que apoiava D. Beatriz. Entretanto outro exército investia no Alentejo, mas tropas comandadas por D. Nuno Álvares Pereira vão ao seu encontro e vencem os Castelhanos pelo da Vila Fronteira na batalha de Atoleiros.

Ø     Quando D. João de Castela cercou Lisboa em 29 de Maio de 1384, os habitantes da cidade, a comando do Mestre de Avis, resistiram duramente aos ataques inimigos, à falta de alimento, à peste. E Foi precisamente devido à peste que ao fim de quatro meses obrigou os castelhanos a se retirarem da cidade

b.   O Povo elege o Rei

Ø     Apesar do cerco em Lisboa já ter sido levantado, a insegurança continuava presente devido ao medo de novas invasões.

Ø     Era necessário eleger um rei, por isso reúnem-se as cortes em Coimbra a 6 de Abril de 1385 e elegem D. João mestre de Avis como Rei de Portugal.

Ø     Logo que D. João foi aclamado rei, nomeou D. Nuno Álvares Pereira, chefe supremo de todos os exércitos portugueses.

Ø     Pouco tempo depois, os castelhanos invadiram de novo Portugal, com um poderoso exército de cerca de trinta e dois mil homens. Apesar dos Portugueses serem menos de dez mil homens, derrotaram totalmente os Castelhanos na Batalha de Aljubarrota, perto de Leiria em 14 de Agosto de 1385

c.    As Comemorações

Ø     Da vitória da Batalha de Aljubarrota muitos episódios se contam, um deles é o de Beatriz de Almeida, onde se consta que ela teria morto com a pá do forno sete castelhanos que se tinham refugiado na sua casa, ficou por isso conhecida como a Padeira de Aljubarrota e é um dos símbolos da justiça popular. A Batalha de Aljubarrota foi durante muitos anos comemorada com procissões solenes, e D. João I mandou construir a poucos quilometras de onde se tinha dado a batalha o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido por Mosteiro da Batalha:

 

C.     A CONSOLIDAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA

a.   Novos tempos

Ø     Após a Vitória de Aljubarrota, D. João I para se afirmar como rei e consolidar a independência de Portugal, tomou várias medidas:

o      Começou por retirar privilégios e terras aos nobres e clérigos que tinham apoiado D. Beatriz e o rei de Castela

o      Deu como recompensa a alguns Burgueses terras e títulos de nobreza – “nova nobreza”

o      Permitiu também que elementos da burguesa tivessem cargos importantes no Conselho do Rei e nas Cortes

b.   O Tratado de Paz

Ø     D. João I tenta precaver-se contra novos ataques Castelhanos e garantir auxilio caso fosse necessário, assim em 9 de Maio de 1386 faz “um tratado de amizade” com a Inglaterra no qual os dois países prometiam ajudar-se mutuamente. Esta aliança foi reforçada como de costume com um casamento, neste caso com do D. João I com D. Filipa de Lencastre, em 1387

Ø     Só em 31 de 1411 é que o problema com Castela é definitivamente resolvido com o tratado de paz entre Castela e Portugal