A chegada à Índia e ao Brasil

01-10-2011 22:43

D. JOÃO II, O PODER DO REI

 
   Durante o reinado de D. Afonso V os nobres aumentaram o seu poder e receberam muitas terras, pertencendo-lhes grande parte do país. Agora D. João II precisava de dominar e retirar poder à nobreza.
   Os senhores da nobreza tinham o direito de fazer justiça nas suas terras. Quando o rei obrigou os nobres a aceitarem, de novo, a entrada de juízes, eles mostraram algum descontentamento. Nesta altura D. João II acusa de traição, sem provas concretas, o duque de Bragança, o nobre mais rico de Portugal. O duque foi condenado à morte, o seu herdeiro, com apenas 4 anos, foi desterrado para Castela e as terras da poderosa Casa de Bragança foram anexadas pelo rei.
   Tinha sido dado o aviso à nobreza, mas isso não fez parar a sua revolta.
Os espiões de D. João II descobrem, agora sim, uma conspiração para assassinar o rei “com ferro ou com peçonha”, ou seja, à espada ou com veneno. À frente estava o duque de Viseu, irmão da rainha e segundo candidato a herdar o trono, depois do único filho do rei. Desta vez não houve sequer julgamento, o duque de Viseu foi apunhalado pelo próprio rei. Os restantes conspiradores foram presos, julgados e todos condenados à morte.
   D. João II já não era o “rei das estradas”, a sua autoridade chegava agora a todo o país e a todos os portugueses, não só aos fracos mas também aos poderosos. Agora, centralizado o poder no rei, D. João II podia concentrar-se nos Descobrimentos.


 O CABO DA BOA ESPERANÇA

 

 
   Viste que D. João ficou a orientar os Descobrimentos ainda antes de ser rei, enquanto o seu pai, D. Afonso V, o Africano, andava ocupado com a guerra em África.
   Viste também que o seu objectivo já não era só o comércio com a costa africana, mas ver se era possível contornar África, passando do oceano Atlântico ao Índico, para chegar à Índia e ao rico comércio das especiarias e outros produtos.
   D. João II mandou Diogo Cão e os seus marinheiros em duas viagens de exploração, onde o navegador descobriu quase 2 000 km da costa africana.
   Mas só na terceira viagem Bartolomeu Dias conseguiu passar para o outro lado de África, do Oceano Atlântico para o Índico, ao dobrar o cabo da Boa Esperança (1488).
   Em pouco mais de meio século, os portugueses tinham descoberto toda costa ocidental africana, do cabo Bojador (Gil Eanes – 1434), até ao cabo da Boa Esperança (Bartolomeu Dias – 1488).


 Bartolomeu Dias chamou-lhe cabo das Tormentas*, mas D. João II decidiu deu-lhe o nome que ainda hoje mantêm, cabo da Boa Esperança. A boa esperança de os portugueses chegarem à Índia, por via marítima, e dominar o comércio do Oriente com a Europa.

   Os portugueses queriam criar uma nova rota para trazer os produtos daquelas terras: a rota do Cabo. Sempre por mar, seria mais rápida, segura e barata que a rota do Mediterrâneo, há séculos dominada por árabes e italianos.

* Tormenta – Tempestade violenta

 

Caminho marítimo para a Índia

Chegada à Índia e ao Brasil

D. João II acabou por não ver o seu sonho realizado. Após a sua morte, sucedeu-lhe o seu primo D. Manuel I que decidiu continuar os descobrimentos. Em 1497 nomeou Vasco da Gama capitão-mor de uma armada constituída por quatro navios: as naus S. Gabriel, S. Rafael e Bérrio, mais uma embarcação com mantimentos. O objetivo desta armada era chegar à Índia por mar. A viagem durou um ano e em maio de 1498 os portugueses chegam a Calecut.

Quando Vasco da Gama chega à Índia, os portugueses foram no início bem recebidos. No entanto, começaram a sentir algumas hostilidades e para garantir o domínio português partiu de Portugal uma armada em Março de 1500. Esta nova armada, chefiada por Pedro Álvares Cabral, era constituída por treze navios. Um desvio feito a ocidente levou os portugueses a descobrirem o Brasil.

 

A chegada à Índia

D. João II deixou tudo preparado para que os portugueses pudessem chegar à Índia e ao seu comércio. Chegou mesmo a mandar preparar os navios para fazer essa viagem, mas a morte surpreendeu-o durante esses preparativos.
   No Verão de 1497, D. Manuel assiste à partida da armada comandada por Vasco da Gama e com a missão de chegar à Índia. Após dez meses e meio de viagem os portugueses chegaram a Calecut, uma das grandes cidades de comércio da Índia, em Maio de
1498.
  Vasco da Gama encontrou muita dificuldade em negociar com o samorim, o senhor daquela região da Índia. Os árabes, que há séculos traziam os produtos do Oriente para a Europa pela rota do Mediterrâneo, conseguiram impedir qualquer acordo.
A viagem de regresso demorou quase um ano e quando chegaram a Lisboa, metade da tripulação tinha já morrido.

   Vasco da Gama regressa da Índia sem conseguir acordos de comércio, mas trás todas as informações necessárias para o regresso dos portugueses. Estava descoberto o caminho marítimo para a Índia.
 
 clica na imagem e vê a viagem de Vasco da Gama à Índia

 

Vasco da Gama chega à Índia a 20 de Maio de 1498. Ao chegar a Calecute, Vasco da Gama tornou-se no primeiro europeu a chegar à Índia através de uma rota marítima. Em Julho de 1947, Vasco da Gama saiu de Lisboa, dobrou o Cabo da Boa Esperança e chegou à costa da Índia. Em 1524, Vasco da Gama foi enviado como vice-rei à Índia, mas ficou doente e morreu em Cochim. Para saberes mais sobre a viagem, clica aqui.

OS VICE – REIS

Depois da viagem de Pedro Álvares Cabral estava aberto o comércio com o Oriente, através da rota do Cabo.
Imediatamente o rei começou a enviar os seus barcos à Índia, para os carregar de especiarias e outros produtos de toda a Ásia. Só os barcos de D. Manuel, ou com sua autorização, podiam fazer esta viagem, ou seja, o rei tinha o monopólio do comércio com o Oriente.
Porém, os comerciantes árabes continuavam a criar toda a espécie de dificuldades, atacando mesmo os barcos portugueses. Uma viagem à Índia demorava, pelo menos, seis meses e D. Manuel depressa percebeu que de tão longe não podia defender os interesses portugueses dos ataques árabes.
O rei criou então o cargo de vice-rei. Eram chefes militares que, em nome do rei, tomavam todas as decisões: desde a conquista de novas cidades à organização do comércio. O vice-rei representava o rei de Portugal no Oriente.
As duas tarefas mais importantes dos vice-reis eram dominar os mares, mantendo os barcos árabes afastados, e conquistar as principais cidades comerciais e pontos estratégicos.
D. Francisco de Almeida foi o 1º vice-rei da Índia nomeado por D. Manuel, depois o rei enviou D. Afonso de Albuquerque, o conquistador de Goa e dos pontos-chave do comércio do Oriente.
 
 
 Vê no mapa o caso de Ormuz, por exemplo, que dominava a entrada do golfo Pérsico e impedia a passagem por ali dos barcos árabes. Também conquistou Malaca, garantindo a nossa passagem do oceano Índico para o Pacífico, onde os portugueses foram os primeiros europeus a navegar, chegando à China e ao Japão. 
Afonso de Albuquerque transformou o oceano Índico num mar fechado, dominado pelos portugueses.


COLOMBO E A DESCOBERTA DA AMÉRICA
 

   Enquanto Diogo Cão procurava a passagem para o oceano Índico, um navegador genovês* que viveu em Portugal vários anos, chamado Cristóvão Colombo, propôs a D. João II chegar à Índia, navegando sempre para o Ocidente (oeste).
   A ideia tinha lógica, como a Terra era esférica podia chegar-se à Índia por dois lados. Qual seria o caminho mais curto?

Com as informações de que dispunha, D. João II recusou a proposta de Colombo.

   O navegador vai então oferecer os seus planos aos reis de Espanha e é ao serviço deste país que descobre a América, em 1492. Pensando que tinha chegado à Ásia, Colombo tinha descoberto um novo continente.

Descoberta do Brasil

 

OS TERRITÓRIOS NA AMÉRICA

A COLONIZAÇÃO DO BRASIL


      Quando Pedro Álvares Cabral descobriu este território, deu-lhe o nome de Vera Cruz. Acabou por se chamar Brasil porque de lá vinha o pau-brasil, assim chamado por ser da cor das brasas. Este foi o primeiro produto a vir daquelas terras em grande quantidade.
 

 
 "Terra Brasilis", 1519, mapa por Pedro Reinel e Lopo Homem.
Biblioteca Nacional de Paris.
Na imagem podem ver-se os índios brasileiros a cortar e transportar o pau-brasil.



 Pau-brasil. Jardim botânico do Rio de Janeiro


 Só a partir de 1530, à medida que o comércio da Índia foi perdendo importância, é que se começou a dar mais atenção ao Brasil. D. João III dividiu o território em “fatias”, as capitanias, e entregou-as a outros tantos nobres, os capitães donatários, para que tratassem de as povoar e explorar economicamente. 
 

Capitanias brasileiras.
Mapa de Luís Teixeira (c. 1574)
Biblioteca da Ajuda



 
    O Brasil era imenso e apenas o litoral foi ocupado por colonos* idos de Portugal continental, da Madeira e Açores. Esta ocupação foi muito importante, porque se afastou o perigo do território ser ocupado por outros povos  que ali começavam a querer fixar-se (franceses, holandeses e ingleses) .
*Colono – Quando um país tinha territórios noutros continentes, como Portugal teve até ao século XX, dava-se a essas terras o nome de colónias. Daí chamar-se colonos àqueles que as iam povoar.

 
      Estes colonos vão também iniciar a cultura da cana-de-açúcar, tornando o Brasil, em poucas décadas, o maior produtor mundial de açúcar.

 
 
Cana-de-açúcar
 

RESUMO:

O território e os recursos do Brasil

            Em 1500 este território era habitado era habitado por povos que viviam em tribos nómadas.

            Inicialmente os poucos colonos que se lá fixaram, mandavam para Portugal apenas animais exóticos e o pau-brasil.

 Como se fez a colonização?

Dividiu-se o Brasil em capitanias para se fazer um intensivo aproveitamento agrícola.

  •  Introdução do cultivo da cana-de-açúcar, cuja mão-de-obra era composta de escravos africanos.

Com o comércio dos escravos e dos produtos, surge uma nova via comercial: a rota triangular que ligava :

                                            Portugal       África     Brasil

                          Á medida que o açúcar começa a dar algum lucro temos ataques de Franceses, Holandeses e Ingleses e disputas entre os donos de várias capitanias.

D. João III resolve então criar um Governo Geral no Brasil com um Governador-Geral (o 1º foi Tomé de Sousa).

            *  A expansão marítima deu origem a migrações, isto é, a movimentos das populações de uns locais para outros. Os emigrantes tinham esperança de melhorar as suas condições de vida fora do país. Mas entraram também imigrantes em Portugal.

            *  A acção dos missionários revelou-se muito importante (Jesuítas)

 

Conhece a história de Pedro Álvares Cabral que descobriu o Brasil... Clica na imagem

 

-A-Descoberta-Do-Brasil-Banda-Desenhada.pdf (458,3 kB)

 

 

 

a caravela