D. Carlos - “O Martirizado"

1889 - 1908
D. Carlos - “O Martirizado" 
28 de Setembro de 1863 (Lisboa) – 1 de Fevereiro de 1908 (Lisboa)
Casou com D. Maria Amélia de Orleães
 
Iniciou o seu governo com a agitação causada pelo “ultimato inglês de 1890”, que veio causar, ou pelo menos agravar, a crise política, económica e social. Apesar disso, prosseguiu-se em África, Angola e Moçambique, a tarefa da consolidação da soberania portuguesa (pacificação das insurreições), desenvolvimento de diversas campanhas e cuidando de criar condições de progresso.
Manifestou-se a acção de diversos estudiosos em diferentes sectores, contando-se cientistas famosos e eruditos abalizados (continuou a efectuar-se o estudo sistematizado da fauna e da flora dos territórios ultramarinos, com resultados surpreendentes e extremamente valiosos).
Desenvolveu-se a indústria nacional (instalando diversas unidades industriais, destacando-se algumas fábricas de cimento e afins, incentivando a cerâmica tradicional e dando-lhe aspecto mais primoroso, podendo destacar-se o que Bordalo Pinheiro fez nas Caldas da Rainha, criando fama e nome ainda perdurável).
D. Carlos era um artista e um cientista (mais artista e cientista do que político, em que também foi individualidade notável).
Desenvolveu intensa pesquisa oceanográfica (actuando como verdadeiro sábio, encontrou três espécies novas para a costa de Portugal e uma nova para a História Natural. A sua colecção ictiológica, que primeiro esteve no Palácio das Necessidades, foi depois integrada no acervo do Museu da Marinha).
Foi pintor de mérito, tendo tomado parte em importantes exposições de arte, produzindo trabalhos de grande valor expressivo.
Interessava-se também pela exploração agrícola, de forma moderna e rentável, conseguindo que as suas terras produzissem em valores económicos apreciáveis.
Era bom desportista (nas modalidades então em voga na alta sociedade, no ténis, no golfe, nos desportos náuticos, e também mostrou ser grande apaixonado pela actividade venatória – a caça).
Na política interna, teve de sofrer os ataques dos partidos que combatiam o regime, os que defendiam a proclamação republicana (registou-se no Porto, uma Revolta Republicana, em 31 de Dezembro de 1891, portanto logo no início do reinado. Foi a primeira grande manifestação republicana, para destituir a Monarquia. Mas talvez mais o desprestigiassem, com o seu comportamento duvidoso, os monárquicos desonestos do que os republicanos dignos).
A sua esposa, D. Amélia, foi a última rainha de Portugal, falecendo na sua Pátria de origem, a França, em 1951.
No dia 1 de Fevereiro de 1908, quando a família real regressava de Vila Viçosa, foi vítima do criminoso atentado, tendo sido morto pelas balas de um facínora e com ele o príncipe real D. Luís Filipe, que, então, contava apenas vinte anos de idade, praticamente o tempo de duração do seu reinado.
A tragédia que lhe causou a morte proporcionou que lhe chamassem “Martirizado” ou “Mártir”, e também por vezes “Desventurado”.