Lisboa quinhentista

04-12-2011 21:29

 

“Para corresponder às necessidades de alargamento de espaço e melhor equipamento da zona portuária, D. Manuel manda proceder a grandes obras de aterragem na ribeira de Lisboa, datando destas obras a recuperação da larga plataforma, onde se viria a delinear o Terreiro do Paço, mandado construir, entre 1500 e 1504, o novo Paço Real, para onde se transfere em 1505, dos Paços de Alcáçova, iniciando, com esta edificação, uma série de outros importantes empreendimentos que consagrarão, definitivamente, o Terreiro do Paço como centro político e administrativo da cidade. Ao mesmo tempo que transferia o centro da cidade para a Ribeira de Lisboa, D. Manuel levantava, em Belém, a Torre de S. Vicente, vulgarmente conhecida por Torre de Belém, que, com a Torre Velha da Trafaria, passou, desde então, a controlar a entrada marítima de Lisboa, e o magnífico Mosteiro dos Jerónimos, símbolo e consagração dos Descobrimentos Portugueses.

Toda a vida da Cidade parecia ter-se concentrado na Ribeira, arrastando consigo, naturalmente, a parte mais importante do equipamento urbano, mercados, tabernas, casas de comida e as hospedarias necessárias para albergar uma população flutuante.

Aproveitando as boas condições para o negócio, e as maiores facilidades de acesso para os produtos, surgiram, desde finais de Quatrocentos, numerosas tendas ou boticas nos alpendres do Terreiro do Paço que depois se haviam de estender ao Pátio da Capela Real, onde apareciam os artigos mais diversos e se viam, ao lado do artesanato local, produtos provenientes de distantes regiões do globo, trabalhos de marfim e laca, cocos lavrados ao torno, quinquilharias diversas, fazendo concorrência às elegantes lojas da Rua Nova.

Também os vendedores ambulantes encontraram no Terreiro do Paço o seu poiso preferido, e o principal mercado de comestíveis da cidade, depois conhecido por Mercado da Ribeira Velha que, em princípio de Quinhentos, se acoitava ao lado oriental do Terreiro do Paço, junto de Alpendres e na proximidade do Açougue do Peixe, que ficava à entrada do Pelourinho Velho, o qual passou, em finais do século, a ocupar a praça da Ribeira Velha, transformando-se, com seus lugares distintos para a venda da fruta, venda de hortaliça, venda de peixe, venda de pão, etc., tanques para lavagem do peixe, lugares para as escamadeiras, etc., num dos mais bem equipados e movimentados da Europa, elogiado pela sua organização, abundância e variedade de produtos. Nele, ao lado dos produtos da terra, ou de importação europeia, como a manteiga de Flandres, apareciam espécies exóticas, as tâmaras, os cocos, especiarias diversas, e outros produtos que se começavam, então, a divulgar, como as laranjas da China. Era também na Ribeira, junto do edifício da Alfândega, que se encontrava o principal mercado de pão, onde acorriam as padeiras a vender pão “bom e alvo” que fabricavam em suas casas.”

(Irisalva Moita, Lisboa Quinhentista
)

 

No séc. XVI Lisboa era uma das cidades mais importantes da Europa devido à chegada de mercadorias oriundas do Oriente, África e Brasil, que depois eram distribuídas pelo centro e norte da Europa.

 

Produtos que chegavam a Lisboa

- Oriente: especiarias, sedas, porcelanas, pedras preciosas

- África: ouro, malagueta, marfim, escravos

- Brasil: açucar, pau-brasil, animais exóticos

 

Crescimento da cidade

Nos reinados de D. João II e de D. Manuel I Lisboa teve um desenvolvimento tão grande que as suas construções começaram a ocupar espaços fora das muralhas construídas por D. Fernando (Cerca Nova ou Cerca Fernandina).

O rei D. Manuel deixou o Paço de Alcáçova, junto ao Castelo, para ir viver mais junto ao Tejo, no Paço da Ribeira, para melhor vigiar o movimento marítimo.

 

Locais importantes da cidade

- Paço da Ribeira: onde se encontravam os aposentos do rei e a Casa da Índia (local abastecido de produtos vindos do Oriente)

- Rossio: onde os camponeses vendiam os seus produtos

- Rua Nova dos Mercadores: onde havia mercadores de toda a parte do mundo

- Ribeira das Naus: onde se construíam navios

- Hospital Todos-os-Santos: recebia doentes, pobres e órfãos

- Misericórdia: recebia pobres e crianças abandonadas

- Feira da Ladra: onde se vendiam produtos usados

 

Movimento de pessoas

- Emigração: muitas pessoas partiram para as ilhas atlânticas, Brasil e Oriente, à procura de melhores condições de vida.

- Imigração: chegaram a Lisboa muitas pessoas vindas de todo o mundo: comerciantes, artesãos, artistas, escravos…

- Migração interna: muitos camponeses abandonaram os campos e foram para a cidade à procura de melhor condições de vida.

 

Distribuição da riqueza

- Nobreza:

  • recebia riquezas
  • gastava dinheiro em luxos, vestuário e na habitação
  • as famílias mais ricas tinham todas escravos

 

- Clero:

  • foi beneficiado com a construção e adornação de igrejas e mosteiros

 

- Grande parte do povo:

  • vivia em extrema pobreza
  • muitos eram vagabundos, mendigos, miseráveis

 

- Corte:

  • das mais ricas e luxuosas da Europa
  • eram frequentes os banquetes e saraus com músicos, poetas e escritores
  • o rei realizava ainda cortejos para exibir a sua riqueza, onde desfilavam músicos ricamente vestidos e animais raros

 

Cultura

- Literatura

  • Luís de Camões: “Os Lusíadas”
  • Fernão Mendes: “A Peregrinação”
  • Pêro Vaz de Caminha: “Carta do Achamento do Brasil”
  • Damião de Góis e Rui de Pina: crónicas de reis
  • Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda e Garcia de Resende

- Matemática

  • Pedro Nunes

- Medicina

  • Garcia de Orta e Amato Lusitano

- Geografia e Astronomia:

  • Duarte Pacheco Pereira

- Zoologia e Botânica:

  • Garcia da Orta

- Arte

  • Arte Manuelina na arquitetura: decoração com elementos alusivos às viagens marítimas (cordas, redes, conchas, naus, caravelas, esferas armilares) como no Mosteiro dos Jerónimos e Convento de Cristo.
  • Arte Manuelina na escultura, pintura, ourivesaria, cerâmica e mobiliário: revelam também influências dos Descobrimentos

 

Nos reinados de D. João II e de D. Manuel, e como consequência do aumento da população, Lisboa teve um grande desenvolvimento.

            Por ordem de D. Manuel I, Lisboa beneficiou de grandes obras de embelezamento.

            A Rua Nova dos Mercadores foi calcetada e as suas casas elevadas a vários andares.

            Para melhor observar e vigiar todo o movimento marítimo, D. Manuel I instala-se no palácio do Paço da Ribeira.

 

            No século XVI, Lisboa era uma das cidades mais importantes da Europa.

A Lisboa chegavam pessoas vindas de todos os países (imigrantes): Flamengos, Espanhóis, Italianos, Franceses e Ingleses.

            Chegavam também escravos que serviam as famílias abastadas.

            Mas através da emigração, muitos Portugueses, procuravam as ilhas atlânticas, o Brasil e o Oriente para melhorar a sua vida, abandonando o território.

 

            Verificou-se ainda a migração interna (movimento de pessoas dentro do próprio país).

            Lisboa Quinhentista era uma cidade de contrastes étnicos e de costumes.

 

 

 

 

RESUMO:

AS ALTERAÇÕES ECONÓMICAS, SOCIAIS E CULTURAIS

            Os descobrimentos provocaram alterações económicas, sociais e culturais.

            O enorme número de riquezas que chega, é gasto em luxos e importações em vez de ser aplicado na produção de novas riquezas.

            As riquezas conseguidas com o comércio africano e oriental, só beneficiaram o rei, a nobreza, o clero e a burguesia, continuando o povo a viver com dificuldades.

Os descobrimentos desenvolveram as ciências (astronomia, matemática, medicina…) influenciaram a literatura e a arte do século XVI, com o estilo manuelino.

Os elementos decorativos utilizados neste período:

Reflectem a experiência marítima: cordas, nós, redes, velas, âncoras, algas, plantas exóticas, conchas, búzios…

  • Reproduzem os símbolos régios: esfera armilar, cruz de Cristo, escudo de Portugal.

·        A nível da literatura, destacam-se:  Gil Vicente (teatro), Luís de Camões (com “Os Lusíadas"),   Fernão Mendes Pinto.

  • A nível dos historiadores “          : João de Barros, Garcia Resende.
  • “                 ciência                      : Pedro Nunes, Garcia de Orta.
  • “                  arte               “         : Jerónimos, Torre de Belém, Janela do Convento de Cristo(Tomar)..

 

Resumo para o caderno lisboa quinhentista.doc (201 kB)