CEUTA...
Resolvida a crise de 1383-85, o novo rei, D. João I, tinha um país independente, mas com graves problemas económicos e sociais (a peste, a crise agrícola e os campos por cultivar, os custos da guerra contra Castela).
Nobreza – Poderia obter terras e reforçar o seu poder, como recompensa da ajuda na guerra contra os árabes.
Um exército de cerca de 19 000 a 20 000 cavaleiros e soldados portugueses, ingleses, galegos e biscainhos largou de Lisboa a 25 de Julho, embarcado em cerca de 240 ou 110 navios de transporte e vasos de guerra. Na expedição seguia a fina flor da aristocracia portuguesa do século XV, incluíndo os príncipes Duarte, o herdeiro, Pedro, Duque de Coimbra e Henrique, Duque de Viseu. Após uma escala em Lagos, fundearam diante de Ceuta a 21 de Agosto, tendo efectuado o desembarque sem encontrar resistência por parte dos Mouros. A guarnição da cidade de Ceuta correu a fechar as portas da cidade, mas as tropas portuguesas foram rápidas a impedir o estabelecimento de defesas adequadas. Na manhã de 22 de Agosto, Ceuta estava em mãos portuguesas. A mesquita foi consagrada e, na primeira missa lá realizada, os três príncipes da Ínclita geração presentes foram feitos cavaleiros pelo seu pai. Ceuta seria a primeira possessão portuguesa em África, estratégica para a exploração Atlântica que começava a ser efectuada.
Assinada a paz com Castela, em 1411, D. João I procurou resolver os problemas do reino que estava pobre.
As conquistas no Norte de África surgiram como uma solução: agradavam à nobreza que procura a guerra como forma de obter honra, glória, novos cargos e títulos; agradavam ao clero pois era uma forma de combater os Mouros, inimigos da religião cristã; agradavam à burguesia pois assim poderia controlar a entrada do Mar Mediterrâneo e o comércio de escravos, ouro, especiarias e cereais.
Assim, em1415, uma poderosa armada preparada porD. João Itomou a cidade deCeuta:33 galés, 27 trirremes, 32 birremes e 120 outros barcos, onde se amontoaram 50 mil soldados - todos "cruzados" (ou seja, com cruzes de tecido coladas aos uniformes, já que partiam para uma guerra santa).
O comando da armada foi entregue aos filhos do rei D. João I, entre os quais o infante D. Henrique. Na manhã de 14 de agosto de 1415, com Ceuta desprotegida - por um inexplicável desleixo do soberano Sala-bin-Sala -, os lusos invadiram a cidade como uma horda de bárbaros. Mataram milhares de mouros, saqueando tudo o que podiam encontrar, destruindo lojas, bazares, mesquitas e o palácio do governante. Depois de dez horas de batalha desigual, contra adversários desarmados, os portugueses tornaram-se senhores de Ceuta.
Contudo, os Mouros desviaram as rotas comerciais para outras cidades do Norte de África. Ceuta tornou-se uma cidade cristã isolada e constantemente atacada.