A LUTA PELA INDEPENDÊNCIA - A Formação do Reino de Portugal

01-10-2011 21:53

D. Afonso Henriques e a luta pela independência

 

1. Condado Portucalense

Durante a Reconquista Cristã os reis cristãos da Península Ibérica pediram auxílio a outros reinos cristãos da Europa para reconquistar os territórios aos Muçulmanos. Os cavaleiros que vieram ajudar na luta contra os Muçulmanos chamavam-se cruzados.

A pedido de D. Afonso VI, rei de Leão e Castela, vieram de França os cruzados D. Raimundo e D. Henrique. Em troca pelos seus serviços os cruzados receberam:

  • D. Raimundo: a mão da filha legítima do rei, D. Urraca, e o Condado de Galiza;

  • D. Henrique: a mão da filha ilegítima do rei, D. Teresa, e o Condado de Portucale.

Estes condados pertenciam ao reino de Leão, por isso D. Henrique tinha que prestar obediência, lealdade e auxílio militar ao rei D. Afonso VI. Em 1112 morre e como o seu filho, D. Afonso Henriques, apenas tinha 4 anos de idade , ficou D. Teresa a governar o Condado Portucalense.

 

2. A luta pela independência

Em 1125, aos 16 anos, D. Afonso Henriques armou-se a si próprio cavaleiro, como só faziam os reis. D. Afonso Henriques tinha como ambição concretizar o desejo do seu pai D. Henrique: tornar o Condado Portucalense independente do reino de Leão e Castela.

Nesta altura, D. Teresa mantinha uma relação amorosa com um fidalgo galego, o conde Fernão Peres de Trava. Esta relação prejudicava a ambição de tornar o Condado Portucalense independente. Por isso, apoiado por alguns nobres portucalenses, D. Afonso Henriques revoltou-se contra a sua mãe.

Em 1128, D. Teresa é derrotada na batalha de S. Mamede por D. Afonso Henriques, que passa a governar o Condado Portucalense.

D. Afonso Henriques passa a ter duas lutas:

  • luta contra D. Afonso VI para conseguir a independência do Condado Portucalense;

  • luta contra os Muçulmanos para aumentar o território para sul.

 

3. O reino de Portugal

Para a formação de Portugal foram bastante importantes as seguintes batalhas:

  • 1136:  batalha de Cerneja onde D. Afonso Henriques vence os galegos.

  • 1139: batalha de Ourique onde D. Afonso Henriques derrota os exércitos de cinco reis mouros.

  • 1140: batalha em Arcos de Valdevez, D. Afonso Henriques vence novamente os exércitos de D. Afonso VII.

Com estas vitórias de D. Afonso Henriques, D. Afonso VII, seu primo agora rei de Leão e Castela, viu-se obrigado a fazer um acordo de paz – o Tratado de Zamora. Neste tratado, assinado em 1143, Afonso VII concede a independência ao Condado Portucalense que passa a chamar-se reino de Portugal, e reconhece D. Afonso Henriques como seu rei.

 

4. A conquista da linha do Tejo

Feita a paz com o rei de Leão e Castela, D. Afonso Henriques passou a preocupar-se exclusivamente em conquistar territórios a sul aos mouros de forma a alargar o território do reino de Portugal:

  • 1145: conquista definitiva de Leiria;

  • 1147: conquista de Santarém e Lisboa.

Na reconquista das terras aos mouros participou quase toda a população portuguesa que podia pegar em armas:

  • senhores nobres e monges guerreiros: combatiam a cavalo, comandavam os guerreiros e recebiam terras como recompensa pelos seus serviços prestados ao rei;

  • homens do povo: combatiam a pé e eram a grande maioria dos combatentes.

Em algumas batalhas os portugueses foram ainda ajudados por cruzados bem treinados e com armas próprias para atacar as muralhas, vindos do Norte da Europa.

 

5. O reconhecimento do reino

Apesar de o rei Afonso VII ter reconhecido em 1143 D. Afonso Henriques como rei de Portugal, o mesmo não aconteceu com o Papa.

O Papa era o chefe supremo da Igreja Católica e tinha muitos poderes. Os reis cristãos lhe deviam total obediência e fidelidade. Para a independência de um reino ser respeitada pelos outros reinos cristãos teria de ser reconhecida por ele. Para obter este reconhecimento D. Afonso Henriques mandou construir sés e igrejas e deu privilégios e regalias aos mosteiros.

Só em 1179 é que houve o reconhecimento por parte do papa Alexandre III através de uma bula (documento escrito pelo papa).

 

 

A D. Afonso Henriques não bastava a autonomia do Condado Portucalense;

ele queria a sua total independência.

Para tal, teve de lutar em várias frentes:

  1. Era necessário combater o rei de Leão, a norte, para ficar com o território independente.

  2. Era necessário alargar o condado para sul contra os muçulmanos - prosseguir a Reconquista.

  3. E era preciso arranjar maneira que o futuro reino de Portugal fosse reconhecido pelos outros reinos, principalmente pelo Papa.
    É que, no século XI, o Papa era mais importante que os reis e todos respeitavam as suas decisões e opiniões.
    E foi esta a política de D. Afonso Henriques para fundar o reino de Portugal!

A sua luta veio a ter sucesso:

o rei de Leão e Castela reconheceu a independência de Portugal: Tratado de Zamora, assinado em  1143;

o território português foi alargado até à linha do rio Tejo;

o Papa reconhece o reino de Portugal em 1179, através da Bula Manifestis Probatum.

 
 
O ASSALTO A SANTARÉM
 

ASSALTO A SANTARÉM

 

 A tomada de Santarém foi um acontecimento de grande importância, pois conquistá-la era ter nas mãos um baluarte de primordial valor, centro de uma região fertilíssima e donde se poderiam lançar novos ataques ao próprio coração muçulmano da Península.

 Consciente disso, D. Afonso Henriques preparou um ataque surpresa.

Aproveitando um período de tréguas com os muçulmanos da linha do Tejo, enviou Mem Ramires com a missão de estudar as defesas do castelo e as possibilidades de um possível ataque à fortaleza.

Mem Ramires voltou com boas esperanças e, desde logo, foi preparado o ataque.

Este foi desencadeado de surpresa na calada da noite, e fez-se rápido e fulminante.

Na manhã do dia 15 de Março de 1147, Mem Ramires hasteou o pendão Português e Santarém nunca mais deixou de desempenhar um papel de relevo na História Portuguesa.

A CONQUISTA DE LISBOA

Após a conquista deSantarém em 1147, sabendo da disponibilidade dos Cruzados em ajudar, as forças de D. Afonso Henriques prosseguiram para o Sul, sobre Lisboa.
As forças portuguesas avançaram por terra, as dos Cruzados por mar, penetrando na foz do rio Tejo; em Junho desse mesmo ano, ambas as forças estavam reunidas, iniciando-se as primeiras escaramuças nos arrabaldes a Oeste da colina sobre a qual se erguia a cidade de então, hoje a chamada Baixa.
catapulta
Após violentos combates, tanto esse arrabalde, como o de Leste, foram dominados pelos cristãos, impondo-se dessa forma o cerco à opulenta cidade mercantil.
Bem defendidos, os muros da cidade mostraram-se inexpugnáveis. As semanas passavam-se com surtidas dos sitiados, enquanto as máquinas de guerra dos sitiantes lançavam toda a sorte de projécteis sobre os defensores, o número de mortos e feridos ia aumentando de parte a parte.
No início de Outubro, os trabalhos sob o alicerce da muralha tiveram sucesso ao fazerem cair um troço dela, abrindo uma brecha por onde os sitiantes se introduziram, denodadamente defendida pelos defensores. Por essa altura, uma torre de madeira construída pelos sitiantes foi aproximada da muralha, permitindo o acesso ao adarve.
Torre de assalto
 Diante dessa situação, na iminência de um assalto cristão em duas frentes, os muçulmanos, enfraquecidos pelas escaramuças, pela fome e pelas doenças, capitularam a 24 de Outubro.

 

Entretanto, somente no dia seguinte, o soberano e suas forças entrariam na cidade, nesse meio tempo violentamente saqueada pelos Cruzados.

 

Resolve a ficha de exercícios:

 

um_novo_reino_chamado_portugal.ppt (1,4 MB)

 

Entre os séculos XI e XIII, as lutas entre cristãos e muçulmanos foram muito renhidas. Vários reinos e condados cristãos se formaram então, como podes observar no mapa.
Os reis cristãos da Península Ibérica pediam ajuda a outros reis da Europa que enviavam cavaleiros cristãos - os Cruzados. Entre estes cruzados destacaram-se D. Henrique e D. Raimundo, dois cavaleiros franceses.
Como recompensa pela ajuda prestada na luta contra os muçulmanos, o rei de Leão (D. Afonso VI) deu a D. Raimundo o Condado da Galiza e uma das suas filhas, D. Urraca, (filha legítima) para casar; a D. Henrique, o Condado Portucalense e outra sua filha (filha ilegítima), D. Teresa, em casamento, no ano de 1096.
Conde D. Henrique e D. Teresa
O Condado Portucalense situava-se entre os rios Minho e Mondego e tinha a sua sede no Castelo de Guimarães. A D. Henrique competia a defesa e o governo do Condado. Não era, no entanto, independente pois devia obediência, lealdade e ajuda militar ao rei de Leão, que era o governante máximo. D. Henrique, guerreiro valente e bom governante, sempre desejou tornar o Condado Portucalense independente do reino de Leão.
Mas morreu muito novo, ficando a governar a viúva, D. Teresa, uma vez que o seu filho, D. Afonso Henriques, era ainda muito novo. D. Teresa, que também pretendia a independência do Condado, pediu para tal ajuda à nobreza da Galiza. Os nobres portugueses, não concordando, convenceram D. Afonso Henriques a revoltar-se contra a mãe.
Formaram-se então dois "partidos": um, a favor de D. Teresa; outro, a favor de D. Afonso Henriques. Os dois "partidos" confrontaram-se na Batalha de S. Mamede (em 24 de Junho de 1128), próximo de Guimarães, tendo D. Afonso Henriques saído vencedor e passando a assumir o governo do Condado.

 

formação_de_Portugal-5º_ano-office2007(meu_ppt).pptx (2 MB)



 

Entre os séculos XI e XIII, as lutas entre cristãos e muçulmanos foram muito renhidas. Vários reinos e condados cristãos se formaram então, como podes observar no mapa.

Os reis cristãos da Península Ibérica pediam ajuda a outros reis da Europa que enviavam cavaleiros cristãos - os Cruzados. Entre estes cruzados destacaram-se D. Henrique e D. Raimundo, dois cavaleiros franceses.

Como recompensa pela ajuda prestada na luta contra os muçulmanos, o rei de Leão (D. Afonso VI) deu a D. Raimundo o Condado da Galiza e uma das suas filhas, D. Urraca, (filha legítima) para casar; a D. Henrique, o Condado Portucalense e outra sua filha (filha ilegítima), D. Teresa, em casamento, no ano de 1096.

 Mas morreu muito novo, ficando a governar a viúva, D. Teresa, uma vez que o seu filho, D. Afonso Henriques, era ainda muito novo. D. Teresa, que também pretendia a independência do Condado, pediu para tal ajuda à nobreza da Galiza. Os nobres portugueses, não concordando, convenceram D. Afonso Henriques a revoltar-se contra a mãe. A Batalha de São Mamede.doc (23 kB)

Formaram-se então dois "partidos": um, a favor de D. Teresa; outro, a favor de D. Afonso Henriques. Os dois "partidos" confrontaram-se na Batalha de S. Mamede (em 24 de Junho de 1128), próximo de Guimarães, tendo D. Afonso Henriques saído vencedor e passando a assumir o governo do Condado.

 

A LUTA PELA INDEPENDÊNCIA

A D. Afonso Henriques não bastava a autonomia do Condado Portucalense; ele queria a sua total independência. Para tal, teve de lutar em várias frentes:

contra o rei de Leão e Castela, para obter a independência: batalhas de Cerneja e Arcos de Valdevez;

contra os muçulmanos, para alargar o território: batalha de Ourique;

difíceis negociações com o Papa para que este reconhecesse Portugal como reino independente.

A sua luta veio a ter sucesso:

o rei de Leão e Castela reconheceu a independência de Portugal: Tratado de Zamora, assinado em  1143;

o território português foi alargado até à linha do rio Tejo;

o Papa reconhece o reino de Portugal em 1179, através da Bula Manifestis Probatum.

 

Questionários:

  • Formação de Portugal  -1-

 

 

 hum08.gif (19943 bytes)

 

 

  • Formação do Reino de Portugal
  • Portugal - Um novo Reino

  • Reino de Portugal

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    O Condado Portucalense situava-se entre os rios Minho e Mondego e tinha a sua sede no Castelo de Guimarães. A D. Henrique competia a defesa e o governo do Condado. Não era, no entanto, independente pois devia obediência, lealdade e ajuda militar ao rei de Leão, que era o governante máximo. D. Henrique, guerreiro valente e bom governante, sempre desejou tornar o Condado Portucalense independente do reino de Leão.

     

    A Certidão de Nascimento de Portugal.doc (22 kB)

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    Clica na imagem e realiza os jogos sobre a formação do reino de Portugal
     
     
     

    Era uma vez um Rei...

    O Instituto Camões disponibiliza em formato digital uma colecção original do jornal Expresso. Aprender de forma lúdica a História de Portugal (reis).

    Fonte: Instituto Camões

     

     

    WebQuest: A Formação de Portugal

    História e Geografia de Portugal

 

 

 



Este é um trabalho produzido pelo Museu Alberto Sampaio, de Guimarães,por altura das comemorações dos 900 anos do nascimento de D. Afonso Henriques.
 

Bula «Manifestis probatum» do papa Alexandre III

 

 

“Alexandre, Bispo, Servo dos Servos de Deus, ao Caríssimo filho em Cristo, Afonso, Ilustre Rei dos Portugueses, e a seus herdeiros, in perpetuum.

Está claramente demonstrado que, como bom filho e príncipe católico, prestaste inumeráveis serviços a tua mãe, a Santa Igreja, exterminando intrepidamente em porfiados trabalhos e proezas militares os inimigos do nome cristão e propagando diligentemente a fé cristã, assim deixaste aos vindouros nome digno de memória e exemplo merecedor de imitação. Deve a Sé Apostólica amar com sincero afecto e procurar atender eficazmente, em suas justas súplicas, os que a Providência divina escolheu para governo e salvação do povo. Por isso, Nós, atendemos às qualidades de prudência, justiça e idoneidade de governo que ilustram a tua pessoa, tomamo-la sob a protecção de São Pedro e nossa, e concedemos e confirmamos por autoridade apostólica ao teu excelso domínio o reino de Portugal com inteiras honras de reino e a dignidade que aos reis pertence, bem como todos os lugares que com o auxílio da graça celeste conquistaste das mãos dos Sarracenos e nos quais não podem reivindicar direitos os vizinhos príncipes cristãos. E para que mais te fervores em devoção e serviço ao príncipe dos apóstolos S. Pedro e à Santa Igreja de Roma, decidimos fazer a mesma concessão a teus herdeiros e, com a ajuda de Deus, prometemos defender-lha, quanto caiba em nosso apostólico magistério”.

Afonso Henriques - O Primeiro Rei

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